
MOBILIDADE ELÉCTRICA
António Mexia (adaptado da Visão nº870)
Já terá ouvido dizer que as emissões de um carro eléctrico tomam zero por valor. No entanto, tal não corresponde à realidade visto que, a maioria da energia eléctrica produzida mundialmente advém da queima de carvão e outros resíduos poluentes em centrais termoeléctricas. (Ainda assim, a poluição total é um terço da de um automóvel movido a combustão interna). A redução das emissões não se situa apenas na utilização de carros eléctricos, mas também na produção de energia limpa.
António Mexia é o actual Presidente da maior companhia eléctrica portuguesa, a Energias de Portugal (EDP). Isto, a maior parte dos portugueses sabe. O que não sabem é que esta empresa está em primeiro lugar no Índice Dow Jones* na Europe e segundo no Mundo. Talvez seja por ser também a quarta maior empresa do mundo no que toca a energias renováveis. A EDP tem mantido a aposta neste sector e é a empresa pioneira em mobilidade eléctrica no nosso país, com os pontos Watt-Drive (postos de abastecimento eléctrico rápido, parte do projecto governamental MOBI-E), e mantém a aposta na energia das marés e do vento. Por ano, gasta 3000 milhões de euros em energias renováveis (investidos nos EUA, Portugal, Espanha, França, Bélgica, Brasil, Polónia e Roménia), dois mil dos quais vão directamente para a energia eólica.
Na Visão nº 870, do passado mês de Novembro, este gestor falou abertamente sobre a política da empresa, sobre o seu futuro e sobre o nosso governo. Afirma que "hoje, de repente, em todo o sítio, as pessoas perceberam que ela [a mobilidade eléctrica] existe, pode criar empregos, que tem a ver com a liderança na indústria automóvel, com alta tecnologia, qualidade das cidades, autonomia, reserva energética..." e, reforçando esta ideia, quando questionado sobre a possível travagem que o híbrido pode causar ao modelo eléctrico diz que "o híbrido é um veículo de transição. O carro que se liga à ficha é muito mais interessante". Segundo o mesmo, a massificação do carro eléctrico vai demorar, sendo os próximos cinco anos um teste à implementação deste veículo. Ainda assim, diz ser possível uma surpresa, como já houve na implementação dos telemóveis. A solução verde reside na eficiência. "Vejam o número de pessoas que circulam sozinhas no seu carro, em Lisboa. As horas e a energia que são queimadas em engarrafamentos! Qual é o principal incentivo à mudança de comportamentos?". "O preço", responde o entrevistador. "Claro. Questões como a taxa de acesso às cidades ou o parqueamento não são devidamente debatidas. (...)é mais caro o espaço para ter um carro eléctrico parado, a abastecer, do que o custo do combustível". Ainda sobre a mobilidade, "as pessoas vão ter de aprender a juntar mais as várias facetas da sua vida: profissional, familiar, social".
*índice económico que avalia a sustentabilidade de uma empresa