MOBILIDADE ELÉCTRICA


Renault-Nissan com baterias feitas em Portgual

03-12-2009 10:23

O novo veículo eléctrico da Nissan, que virá a ser equipado com baterias produzidas em Portugal, foi finalmente apresentado ontem em Yokohama, no Japão.

Carlos Ghosn, presidente-executivo da construtora franco-nipónica, conduziu o Leaf ("folha" em inglês) até ao palco, onde era esperado por uma plateia de jornalistas que viajaram de todo o mundo para conhecer aquele que é o primeiro automóvel eléctrico com ambições de chegar ao mercado de massas em 2012. Chegará à Europa entre o final de 2010 e 2011.

"Celebramos hoje o início de um novo capítulo da vida da nossa empresa", disse. O fabricante japonês e a Renault, o seu parceiro francês, querem posicionar-se neste segmento e acreditam que, em 2020, um em cada dez novos carros serão eléctricos. "Não encaramos o automóvel eléctrico como um nicho, mas sim como um veículo para o mercado de massas. O maior problema será a capacidade de produção", afirmou o líder da Nissan.

Para já, o fabricante vai colocar o Leaf à venda nos Estados Unidos, Japão e Europa em finais do próximo ano, e espera lançar dois novos modelos pouco tempo depois. A produção inicial será de 200 mil unidades anuais.

É precisamente para responder às necessidades de fabrico que a Nissan anunciou a instalação de duas novas fábricas de baterias de iões de lítio em Portugal e no Reino Unido. A unidade portuguesa deverá ficar instalada em Sines ou em Estarreja, onde a construtora promete investir 250 milhões de euros e criar duas centenas de postos de trabalho directo. As baterias produzidas (60 mil unidades anuais é a meta) serão exportadas para o mercado europeu.

Ainda não há data concreta para o arranque do projecto, mas em declarações anteriores ao PÚBLICO, Eric Nicholas, vice-presidente da Nissan para a Europa, admitiu que a produção deverá começar dentro de três anos. "Tecnicamente temos de estar prontos para entrar em produção em 2012, precisamos de começar em breve", avançou.

Para além da localização - terá de ser próxima de um porto de águas profundas, com capacidade para expandir e boas acessibilidades -, o fabricante procura mão-de-obra "altamente qualificada". Parte da discussão em curso com o Governo de José Sócrates centra-se nos recursos humanos, já que a Renault-Nissan procura trabalhadores das áreas de engenharia especializados em baterias de lítio.

O investimento da construtora em Portugal não será alheio ao facto de o país ter sido o primeiro na Europa a aderir ao programa Mobilidade de Emissões Zero, lançado pela Renault-Nissan. Este acordo marcou também o arranque da construção da rede nacional para o carregamento de carros eléctricos, a Mobi-E, que prevê a instalação de 1300 estações de carregamento nos próximos dois anos. O projecto já tem um protótipo feito por um consórcio liderado pela Efacec e ao qual já aderiram 25 capitais de distrito.

São, aliás, parcerias como esta que permitem à Nissan definir a meta ambiciosa de fazer chegar o Leaf ao mercado de massas. A construtora fez uma aliança com uma empresa norte--americana, a Better Place, que está a instalar a rede de veículos eléctricos em Israel, o primeiro país do mundo a ter a infra-estrutura.

Neste sistema haverá postos de carregamento lentos, que podem demorar seis horas a carregar a bateria, e 100 estações de serviço onde em apenas 1,27 minutos os condutores podem substituir as baterias. Em Portugal, os pontos de carregamento vão demorar entre 30 a 45 minutos.

Uma coisa é certa: o novo carro eléctrico da Renault-Nissan só deixará de ser um nicho quando as infra--estruturas de abastecimento forem generalizadas.

O Leaf não tem um design futurista e por fora parece um automóvel normal. Shiro Nakamura, que desenhou o modelo, explicou que a intenção era evitar estereótipos e, por isso, não fez um carro "com aspecto invulgar".

O preço fica ainda por revelar, mas Carlos Ghosn disse que será semelhante ao de um automóvel a gasolina, excluindo o custo das baterias de iões de lítio. Segundo a Lusa, o valor do Leaf poderá ser semelhante ao do compacto Tiida, que em Portugal é vendido a partir dos 15.450 euros. A versão mais cara deste modelo ultrapassa os 21 mil euros.

Se por fora o Leaf é um carro normal, por dentro a diferença face a um veículo a gasolina é grande. As baterias de iões de lítio são colocadas debaixo do chão do automóvel para garantir mais espaço aos passageiros e de bagageira.

Graças à força da inércia, o sistema de travões é usado para recarregar a bateria com o carro em andamento. A velocidade máxima é de 140 quilómetros por hora e a autonomia da bateria, com o veículo cheio, é de 160 quilómetros (a distância que, segundo a Nissan, cobre as necessidades de deslocação de 80 por cento dos condutores do mundo).

Num mapa de navegação electrónico instalado no interior, o Leaf mostra a carga actual da bateria para que os condutores não corram o risco de ficar sem energia no meio de um percurso. Para além disso, o computador de bordo calcula se a carga disponível é suficiente para chegar ao destino.

 

https://economia.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1394371

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